29/07/2009

O diabo mora nos detalhes!

O diabo mora nos detalhes. Curioso como a vida é feita de pormenores!
O "croissant" torrado com manteiga e a meia de leite que bebia no café "Brito" com 16 anos, o som da minha avó a descascar favas e batatas na minha infância, enquanto a ajudava a fazer a minha sobremesa favorita. O cheiro único da casa da minha tia Mila e do meu tio Manel, onde passava alguns dias das férias de Verão com os meus primos! As ervilhas que eu fingia gostar e que sorrateiramente guardava no bolso para depois mandar fora! As bombocas de morango com que nos deliciávamos nas tardes passadas a andar de bicicleta na rua.
As vezes em que nos fechávamos dentro da tenda e fingíamos estar a dormir, só para não nos expulsarem da festa, porque queríamos ficar lá até segunda-feira. (sim, porque não há festa como aquela).
A vida é feita de memórias e as memórias, feitas de pormenores que fazem toda a diferença. Enquanto os vivemos não pensamos muito neles, mas eles ficam eternizados em nós.
Suponho que seja assim também no amor. Fica o sentir da sombra a passar, ouvem-se os passos pelo corredor. Fica o sabor da pasta de dentes, o cheiro do champoo. A fotografia da viagem fantástica que se queria repetir. A voz da mãe dele a chamar para almoçar. A imagem dos passarinhos fritos que não chegámos a comer, mas que nos fez rir como doidos, naquela tarde, de viagem em pleno Alentejo.
Depois, e à medida que o tempo vai passando, vai-se esquecendo um ou outro detalhe, mas os mais importantes ficam sempre na nossa memória, corroendo-nos, enquanto tentamos seguir outro rumo... até que um dia, quase já não dás por eles... e o diabo deixa de morar lá!
Amiga, tu sabes que isto é para ti! Não há de ser nada. Só memória! E o diabo, esse, só na rua ao lado.

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