30/05/2009

filhos dólhão!

GRAZINA
Esta caricatura foi feita pelo ilustrador Adriano Baptista

http://antonioboronha.blogspot.com/2007/03/filhos-dlho.html
Este é o blog de António Boronha, não um filho dólhão, mas de Faro. Um blog que descobri quando andava a pesquisar coisas do meu avô. Teve a proeza de conseguir comover-me com um texto que publicou no dia 21 de Março de 2007 e animar o meu dia com as palavras que cuidadosamente escolheu, as quais não podia deixar de transcrever:

"A propósito de manifestas preocupações sobre as consequências do esforço a que terá sido submetido Cristiano Ronaldo na filmagem de um anúncio para um patrocinador da selecção nacional, não resisto a contar a história, que sempre correu como verídica, passada com o famoso jogador-pescador, Manuel Grazina ao serviço do Olhanense, no início dos anos quarenta:
um sábado, quando ia para a faina da pesca, tendo-se levantado um enorme temporal a que no sotavento algarvio se chama 'sueste', um pescador da terra viu-se obrigado a regressar mais cedo a casa.quando lá chegou, deu com o bom do Grazina em cima da sua mulher.conhecedor das coisas da bola e fiel adepto do 'olhanense' fez-lhe, de imediato, o reparo:- móss, grazina?...atão, amanhã, tens um jogo de responsabilidade e tás a fazer um desforço destes a esta hora???...
já não há filhos de olhão com esta dedicação ao clube. porque, se os houvesse, há muito que o histórico emblema estaria na primeira liga..."

Moss, as tais mariquices camande...

29/05/2009

Entardecer@Trafaria

Foto credits hannah, Entardecer na Trafaria, 2009

A vida é um mistério a ser desvendado,
dia a dia, minuto a minuto, segundo a segundo.
O incrível é que há sempre mais um pouco para descobrir...

24/05/2009

A "Rosaira" da minha vida!

Grazina no jogo em sua homenagem com o Belenenses.
A menina loira é a minha mãe.
A minha mãe e o meu avô ao centro

Com o meu pai e o meu avô Grazina, em olhão 1977
*

Todos na vida temos alguém na família que admiramos mais. E eu cresci a admirar o meu avô. A ouvir as histórias que se contam dele. Era um valente jogador a "Rosaira", tão valente que ainda hoje, e passados mais de 25 anos sobre a sua morte, se fala dele.
"Rosaira" para os colegas de equipa ou simplesmente o velho Grazina, o inesquecível médio centro do Olhanense. Pelo menos assim o dizem. Jogou até não poder mais. (pelo menos é o que dizem as gentes) Os seus 44 anos forçaram-no a pendurar as chuteiras, num jogo que ficou para a história como relata um autor anónimo:
"Para colaborar na festa de homenagem a Grazina, o extraordinário “gigante” do Olhanense, a equipa do Belenenses deslocou-se à pitoresca vila de Olhão, com todos os seus elementos titulares.Esse jogo jamais será esquecido por aqueles que tiveram a felicidade de a ele assistir. Primeiro por se tratar da homenagem a um dos mais correctos e populares jogadores portugueses, depois pela exibição que Matateu fez."
O meu avô foi um guerreiro incansável, um futebolista à moda antiga que jogava por amor à camisola. Um amor que o levou à glória, ao reconhecimento e ao sucesso. Um amor que a sua gente não esquece ainda hoje. Recordo aqui uma passagem de " A Vila de Olhão da minha Recordação", de Leonel Maria Batista:
"O excelente e denodado Grazina- um grande e incansável guerreiro que jamais se negava à luta ."

Contam-se muitas histórias do meu avô. Ele tinha um feitio muito próprio. E um físico invejável. Era muito resistente. A minha mãe diz que ele deixou de jogar futebol aos 44 anos (quase 45), não porque já não pudesse dar mais, muito pelo contrário. Ao que parece nos últimos anos, o Olhanense era uma equipa muito jovem, tirando o Grazina e o Abrão (padrinho da minha mãe e antigo guarda redes da equipa) e o meu avô costumava brincar que era a mãe (Abrão), o pai (Grazina) e os 9 filhos. E isso mexia com ele por dentro. E poderia levar a alguma troça. Mexia tanto que resolveu pendurar as chuteiras para tristeza das gentes de Olhão.
Na sua ultima entrevista ao DN, em 1980, meses antes de falecer, foi igual a si mesmo, um guerreiro:
"Se fosse jogador hoje, jogava até aos 60 anos", dizia em tom de sátira e critica ao caminho que o futebol português estava a tomar: salários cada vez mais exorbitantes, futebolistas caprichosos que apenas jogam futebol e nem isso Às vezes conseguem fazer de jeito. Ele que sempre trabalhou nas conservas, chegou a dormir em contentores de pesca, jogou e nunca recebeu fortunas. Nasceu pobre, morreu pobre e nunca quis sair da cidade de Olhão que tanto amava. E onde era tão amado. A sua maior riqueza era o amor da sua gente. Todo o carinho e reconhecimento que sempre demonstraram, quer em vida, quer na hora do ultimo adeus. Poderia ter tido um funeral de pompa e circunstância e ter sido sepultado junto das grandes figuras de Olhão, mas essas "mordomices" não eram para ele e a minha mãe preferiu sepultar o pai na campa de família que pertencia às suas irmãs. O importante era ficar em Olhão. E isso, nem se pôs outra hipótese. Quanto ao jogar até aos 60 anos e tendo em conta todas as diferenças entre o futebol do tempo do Grazina e o dos anos 80 (altura em que faleceu), tenho a certeza de que se fosse vivo hoje essa fasquia dos 60 já teria subido para 65 ou mais. Até estou a imaginar o que ele diria: " Moss, isto hoje é só mariquices e jogar à bola nada" ou algo parecido.
Voltei a Olhão em 2005, quase 20 anos depois de ter lá estado a última vez. Queria recordar o meu avô, caminhar na sua rua (Travessa dos Arménios), conversar com as suas gentes, ver de novo os patos do jardim junto à ria. (os patos são a minha maior recordação de Olhão).
Aconteceu uma coisa curiosa, quando me dirigi ao largo do jardim onde estão os famosos patos e onde se reúnem as "gentes mais velhas" de Olhão. Falava-se de futebol, dos feitos do Grazina, "um jogador natural de S. Brás de Alportel que enchia o campo da equipa de 1923 que foi campeã nacional, onde jogavam o Delfim, o Tamanqueiro e o Cassiano."
Timidamente perguntei se sabiam onde era a Travessa dos Arménios. Ninguém soube-me responder. Mas um deles perguntou-me porque queria saber. Talvez o motivo lhe permitisse descobrir a resposta.

- Eu queria saber onde morava o Grazina?
- O Grazina, mossa? O velho Grazina? - perguntou, arregalando os olhos
Respondi afirmativamente, mas ele não aguentou a curiosidade:
- Moss, vai-me desculpar a pergunta, mas porque é quer saber?
- Porque era o meu avô e não venho cá há muitos anos...
Pararam todos o que estavam a fazer. E começaram a olhar-me de alto a baixo. Um dos "velhos" veio de trás, fitou-me, tirou os óculos escuros e disse:
- Então e és filha de quem? Do Januário?
- Não. Da sua irmã, a Laurita. - respondi
- A Laurita era uma menina muito loira e muito bonita, lembro-me bem dela e o teu avô, é uma lenda aqui na terra. Que belo jogador. A casa onde vivia é já aqui atrás, entras ali e é na segunda à direita.
E era mesmo. Assim que entrei na rua reconheci-a imediatamente. Tão estreita que se afastasse os braços quase que tocava nas duas paredes. Percorri-a, a relembrar os tempos de criança, quando começava a olhar as varandas à procura da que tinha as gaiolas com pintassilgos, porque sabia que essa era a da casa do meu avô. Ele adorava pintassilgos (ainda hoje temos sempre um em casa em sua memória). Hoje percebo porque gostava deles, revia-se na sua rebeldia.
Mas as vitoriosas conquista do Grazina e do Olhanense eram apenas histórias que sempre ouvi contar. Quando nasci, em 1976, o Olhanense tinha descido à segunda divisão no ano anterior e nunca mais conseguiu voltar à elite do futebol. Toda a vida sonhei com o dia que o Olhanense subiria à primeira divisão de novo e esse dia aconteceu. Finalmente! Foi no dia 17 de Maio de 2009. 34 anos depois, o Olhanense consegue a proeza e realiza o meu sonho. O sonho de todos os olhanenses.
Nesse mesmo dia, vi na televisão, o nome do Grazina ser pronunciado e relembrado pelas gentes de Olhão. Só as pessoas com mais de 65 anos (idade da minha mãe e ela própria só se lembra dos últimos anos) viram o Grazina jogar. Mas o que é certo é que na altura da vitória, algumas pessoas se lembraram dele e isso deixou-me muito comovida, orgulhosa, enfim, aquela terrível mania que as mulheres têm de ter sempre a lágrima ao canto do olho.
Hoje gostaria de estar em Olhão para a festa. Mas não foi possível. Mas estarei sempre com eles, como estive sempre, na Antena 1 aos domingos à tarde a seguir o Olhanense até à subida. Foram 3 décadas à espera deste dia. E quando se espera e se quer muito uma coisa, às vezes ela acontece.
O meu avô esteja ele onde estiver, eu tenho a certeza de que estará feliz. "Estamos na primeira avô, estamos na primeira avô..."
Moss... Já me chorem os olhes camande....

17/05/2009

Chegada a casa!

Foto Credits, hannah, chegada a casa, 2006

Quantas vezes a vir de viagem
e a saber que ainda faltava para chegar,
vi-te ao longe e senti-me logo em casa.

Mãe, o "meu irmão" faz 50 anos!!

Sempre tive uma relação muito peculiar com o Cristo Rei. Até porque costumava vê-lo da minha janela. Digo costumava, não porque tenha mudado de casa, ou porque o "meu irmão" tenha mudado de sítio, o que também não aconteceu. Estranho? Não. Teatro de Almada é a resposta. Um equipamento da mais alta tecnologia que há na Europa, por dentro. Por fora, um feio mamarracho azul, que parece uma piscina vazia. Um mamarracho azul que definitivamente me tapou a vista para o "meu irmão". "Meu irmão"? Sim. Era como lhe chamava em pequena. Sempre foi o meu irmão imaginário. Alguém com quem conversava da minha janela. E foi assim durante anos, até crescer e perceber a realidade. (acontece a todos) Há quem converse com bonecos, com carros, com o ar, com as paredes. Eu conversava com Ele. Ele a quem chamava sempre de "meu irmão".
Devo ser uma irmã desnaturada, porque esqueci-me completamente do seu aniversário. Durante a semana, comecei a notar um frenesim anormal. "Vem cá a nossa senhora de Fátima", ouvi.
"Cá onde? A Almada". (normalmente o cá é em Lisboa não sei porquê, como senão tivéssemos vida própria ou não fossemos parte de outro distrito) O cá, era mesmo cá. Por incrível que pareça. Mesmo debaixo dos meus olhos e dos Dele também. Lembrei-me dos tempos de criança em que passava horas a olhar para ele. Especialmente nos dias frios e chuvosos de Inverno, quando não podíamos ir para a rua brincar. Lembrei me das tardes de sábado que o meu pai me levava lá acima para vermos Lisboa e Almada do alto. Lembrei me dos tempos do liceu, na escola do Pragal e das primeiras "tolas" nos finais de período, que normalmente acabavam "no topo do mundo" como costumávamos dizer, com alguém a dizer que ia ficar ali a dormir porque já não conseguia descer... Tal era...
Parabéns irmão. Parabéns Cristo-Rei, símbolo de Almada, a minha amada terra. Fazes parte das nossas raízes. Estás entranhado na nossa cultura, na vida de todos os almadenses, dentro de mim especialmente. Tão entranhado na memória cá de casa que ontem virei-me para a minha mãe e disse:
- "Mãe, o meu irmão faz 50 anos!"
E rimos muito, recordamos e bem que podiam vir mais 50 anos.

16/05/2009

A luta continua... click...


Esta foi tirada num dos Armazéns dos SMAS. Foram me pedidas fotografias de algumas instalações do sitio onde trabalho. Neste caso era o armazém: um imenso conjunto de prateleiras, atoladas de material, numa sala escura e cinzenta. Típico. Daqueles sítios que, por mais arrumados que se encontrem, parecem sempre o contrário, para quem não consegue perceber o que realmente está nas prateleiras.
O que vale é que encontro sempre motivo de inspiração. Por entre a escuridão, encontrei estes baldes igualmente "escuros", com pegas bem coloridas.
Chamou-me logo a atenção da minha objectiva. Adorei as cores.
Às vezes, "temos" que "reinventar" o local onde vamos fazer o trabalho. Perceber em 3 segundos, qual o melhor plano para esconder, aquilo que não queremos mostrar, sem deixarmos de fotografar o que realmente interessa e foi nos pedido. Somos constantemente limitados, quer pelo o nosso conhecimento ou pela falta dele, quer pelas próprias limitações do aparelho que manuseamos.
Não sou grande conhecedora das técnicas da fotografia, nem tenho curso algum de que possa valer-me (embora confesse que a esta altura do "campeonato" já precisava de alguma formação mais técnica e aprofundada). Mas sou muito paciente e dedicada e pratico muito. E sempre me vai servindo de grande utilidade, tudo aquilo que aprendi no saudoso Indy (Semanário Independente), quando era secretária dos fotógrafos do jornal. No entanto, há uma coisa muito importante na fotografia, que não se aprende com as técnicas, nem provavelmente com a prática. Não se compra, nem provavelmente se arranja ao virar da esquina. Estou a falar de CRIATIVIDADE e enquanto a minha imaginação não me falhar, acho que conseguirei cumprir.

14/05/2009

O irmão sonhador - Ricardo Tavares!

"Dream Brother" - Ricardo Tavares

" Frozen" - Ricardo Tavares

Simplesmente delicioso o trabalho do fotografo Ricardo Tavares. Achei alguns trabalhos bastante criativos e inspiradores.
Para quem gosta de fotografia, sugiro os sites:
(adorei estas duas do primeiro site (Olhares) e as de Marrocos que estão no segundo site (site pessoal).

10/05/2009

Enfim o tão esperado tetra!


Obrigado por mais uma vez me fazerem sentir esta imensa alegria. É um prazer ser a tua voz! Um orgulho. Amo-te PORTOOOOOOOOOO!!!!!! Tetracampeão!