17/05/2009

Mãe, o "meu irmão" faz 50 anos!!

Sempre tive uma relação muito peculiar com o Cristo Rei. Até porque costumava vê-lo da minha janela. Digo costumava, não porque tenha mudado de casa, ou porque o "meu irmão" tenha mudado de sítio, o que também não aconteceu. Estranho? Não. Teatro de Almada é a resposta. Um equipamento da mais alta tecnologia que há na Europa, por dentro. Por fora, um feio mamarracho azul, que parece uma piscina vazia. Um mamarracho azul que definitivamente me tapou a vista para o "meu irmão". "Meu irmão"? Sim. Era como lhe chamava em pequena. Sempre foi o meu irmão imaginário. Alguém com quem conversava da minha janela. E foi assim durante anos, até crescer e perceber a realidade. (acontece a todos) Há quem converse com bonecos, com carros, com o ar, com as paredes. Eu conversava com Ele. Ele a quem chamava sempre de "meu irmão".
Devo ser uma irmã desnaturada, porque esqueci-me completamente do seu aniversário. Durante a semana, comecei a notar um frenesim anormal. "Vem cá a nossa senhora de Fátima", ouvi.
"Cá onde? A Almada". (normalmente o cá é em Lisboa não sei porquê, como senão tivéssemos vida própria ou não fossemos parte de outro distrito) O cá, era mesmo cá. Por incrível que pareça. Mesmo debaixo dos meus olhos e dos Dele também. Lembrei-me dos tempos de criança em que passava horas a olhar para ele. Especialmente nos dias frios e chuvosos de Inverno, quando não podíamos ir para a rua brincar. Lembrei me das tardes de sábado que o meu pai me levava lá acima para vermos Lisboa e Almada do alto. Lembrei me dos tempos do liceu, na escola do Pragal e das primeiras "tolas" nos finais de período, que normalmente acabavam "no topo do mundo" como costumávamos dizer, com alguém a dizer que ia ficar ali a dormir porque já não conseguia descer... Tal era...
Parabéns irmão. Parabéns Cristo-Rei, símbolo de Almada, a minha amada terra. Fazes parte das nossas raízes. Estás entranhado na nossa cultura, na vida de todos os almadenses, dentro de mim especialmente. Tão entranhado na memória cá de casa que ontem virei-me para a minha mãe e disse:
- "Mãe, o meu irmão faz 50 anos!"
E rimos muito, recordamos e bem que podiam vir mais 50 anos.

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